O cinema de terror é um dos gêneros mais diversificados e cativantes do entretenimento, conquistando público com sua capacidade de provocar reações intensas, como medo, adrenalina e até um fascínio pelo desconhecido. Desde suas raízes no início do século XX, o terror evoluiu e se dividiu em diversos subgêneros, cada um explorando diferentes tipos de medos e abordagens. Nesse sentido, vamos explorar alguns dos principais e mais intrigantes subgêneros do terror, destacando como cada um oferece uma experiência única.
A fascinação pelo terror
O terror desperta emoções primárias e instintivas, como o medo e a adrenalina, que nos mantêm grudados nas telas, mesmo sabendo que o que assistimos nos assombrará. Há um fascínio pelo sombrio e pelo desconhecido, uma busca quase catártica que permite explorar medos de forma segura, observando de longe a ameaça. Sendo assim, o gênero de terror sempre se mostrou maleável, capaz de se reinventar e de refletir medos sociais, culturais e psicológicos de cada época.
Principais subgêneros dos filmes de terror
1 – Terror Psicológico
Diferente de subgêneros mais gráficos, o terror psicológico atua na mente, explorando nossos medos mais íntimos e manipulando o suspense de forma a nos manter constantemente tensos. Nesse sentido, esse tipo de terror trabalha com temas como paranoia, perda de controle e instabilidade mental. Filmes como O Iluminado, de Stanley Kubrick, são emblemáticos do gênero, oferecendo uma experiência angustiante que desafia a sanidade dos personagens e do público. Outro exemplo moderno é Corra!, de Jordan Peele, que mistura crítica social com uma atmosfera de terror psicológico, usando o suspense para explorar temas raciais e a sensação de vulnerabilidade.
2 – Slasher
O subgênero slasher conquistou grande popularidade nos anos 70 e 80, com filmes que giram em torno de um assassino em série, frequentemente mascarado, que persegue suas vítimas, muitas vezes adolescentes ou jovens adultos. Geralmente, os slashers seguem um padrão de mortes violentas, sangue e confrontos em cenários claustrofóbicos. Exemplos clássicos incluem Halloween, de John Carpenter, e Sexta-Feira 13, ambos fundadores de uma fórmula que atraiu fãs com sua combinação de violência gráfica e tensão crescente. Contudo, as histórias são simples, mas a tensão e a brutalidade fazem com que cada cena se torne imprevisível e perturbadora.

3 – Sobrenatural
Filmes sobrenaturais exploram fenômenos inexplicáveis, como fantasmas, demônios e possessões. Esse subgênero é popular por apelar para o medo do desconhecido, do invisível e do incontrolável. Nesse sentido, O Exorcista é um exemplo clássico, abordando temas de possessão demoníaca que desafiam as leis naturais e a própria fé. Mais recentemente, Invocação do Mal revitalizou o gênero com uma narrativa inspirada em eventos reais e efeitos visuais que aumentam o suspense e o medo. Portanto, o terror sobrenatural nos confronta com a ideia de que existem forças além do nosso controle, tornando a experiência aterrorizante.
4 – Found Footage
O estilo “found footage” (filmagens encontradas) é caracterizado por apresentar a história como se fosse composta de gravações reais descobertas posteriormente. Dando uma sensação de realismo que aproxima o espectador da narrativa. Nesse sentido, este formato se popularizou com A Bruxa de Blair, que usou câmeras amadoras para contar a história, aumentando a tensão e o desconforto por parecer mais real. Outro exemplo é Atividade Paranormal, que intensificou a atmosfera de medo com câmeras de segurança, capturando eventos sobrenaturais de forma aparentemente casual. Este subgênero destaca-se pela sua capacidade de criar uma experiência imersiva, onde o terror parece estar ocorrendo na vida real.
5 – Terror Corporal (Body Horror)
O body horror explora o medo do corpo humano se deteriorando, transformando ou mutando de forma grotesca e dolorosa. Filmes deste subgênero provocam repulsa e desconforto, manipulando o espectador através de imagens perturbadoras de transformações físicas e deformidades. Nesse sentido, clássicos como A Mosca, de David Cronenberg, exploram a deterioração física com uma mistura de ficção científica e horror. Destacando o terror corporal como uma experiência única e visceral. Outro exemplo é O Enigma de Outro Mundo, onde o corpo é distorcido por uma entidade alienígena. Portanto, o body horror obriga o público a confrontar os limites do corpo humano e as implicações do desconhecido.
6 – Gore/Terror Explícito
O terror gore, ou explícito, é conhecido pela violência gráfica e o uso exagerado de sangue e mutilação para chocar o espectador. Sendo assim, esse subgênero é frequentemente associado a filmes que testam os limites do que é tolerável, como Jogos Mortais e O Albergue, onde os personagens são submetidos a situações de tortura e sofrimento extremo. O objetivo é causar nojo e medo visceral, fazendo com que o público sinta a intensidade das cenas de forma física. Portanto, esses filmes não poupam o espectador de cenas gráficas, provocando uma resposta emocional forte e, muitas vezes, reações físicas de repulsa.
7 – Terror Cósmico
Inspirado pelo trabalho de H.P. Lovecraft, o terror cósmico explora o medo do desconhecido e a insignificância humana diante de forças ou entidades que estão além da compreensão humana. Nesse sentido, filmes desse subgênero criam uma sensação de pequenez e vulnerabilidade, onde os personagens enfrentam criaturas e horrores que desafiam a lógica. Vida (2017) e Galáxia do Terror (1981) exemplificam bem o terror cósmico, apresentando o desconhecido como algo aterrorizante e incontrolável, sugerindo que há coisas que a mente humana não consegue entender.
8 – Horror Gótico
O horror gótico combina elementos de mistério, romance e tragédia em cenários sombrios, como castelos e mansões abandonadas. Esse subgênero geralmente explora temas de obsessão, loucura e paixão fatal, com filmes que investem em uma estética sombria e atmosférica. Exemplos incluem Drácula, onde o vampiro se torna uma figura trágica e sedutora, e A Colina Escarlate, de Guillermo del Toro, que moderniza o horror gótico com um visual refinado e uma narrativa profunda. Portanto, esses filmes são belos e sombrios, equilibrando romance e horror em cenários fascinantes e assombrosos.
9 – Terror de Monstros
O terror de monstros é um subgênero que evoca medo e fascínio ao colocar o ser humano diante de criaturas que desafiam a lógica, sejam elas seres sobrenaturais, aberrações da ciência ou figuras mitológicas. Ele explora a vulnerabilidade da humanidade frente a forças inexplicáveis e geralmente envolve batalhas épicas contra essas ameaças. Nesse sentido, filmes como O Monstro da Lagoa Negra (1954) e Cloverfield (2008) criam tensão ao apresentar monstros cuja origem e motivação adicionam camadas de mistério e terror.
No entanto, há uma linha tênue que separa o terror de monstros do terror gótico. Este último traz um tom mais sombrio e elegante, muitas vezes ambientado em cenários clássicos como castelos, catedrais ou mansões antiga. Locais onde o medo vem acompanhado de uma atmosfera de tragédia e decadência. Sendo assim, a obra Drácula é um excelente exemplo de como os dois subgêneros podem se cruzar. As adaptações cinematográficas do famoso vampiro, como Drácula (1931) e Drácula de Bram Stoker (1992), mostram o monstro sedento de sangue, mas também apresentam elementos góticos: o castelo assombrado na Transilvânia, o jogo de sombras, e o confronto entre o desejo e a condenação eterna.
O cruzamento de Drácula entre o terror de monstros e o terror gótico revela como um único filme pode evocar a brutalidade da criatura e, ao mesmo tempo, a poesia sombria da perda e da imortalidade. Essa flexibilidade enriquece o subgênero, permitindo que a narrativa provoque medo em níveis diferentes, seja pela ameaça física do monstro ou pela carga emocional do horror gótico.
10 – Terror de Criaturas
O terror de criaturas é um subgênero que desperta medos primitivos e instintivos, ao colocar o ser humano frente a frente com animais ou monstros que representam ameaças mortais. A ideia é simples, mas eficaz: transformar algo da natureza em um predador implacável. Tubarão (1975), de Steven Spielberg, é o marco mais notável desse estilo. O longa criou uma onda de pavor tão intensa que afastou pessoas das praias na época de seu lançamento. Outros filmes seguiram a mesma fórmula, como Anaconda (1997), em que uma cobra gigante devora suas vítimas na Amazônia, e Aracnofobia (1990), que brinca com o medo de aranhas venenosas invadindo uma cidade.
O apelo desses filmes está no terror palpável de enfrentar predadores com instintos naturais, muitas vezes exacerbados, transformando a luta pela sobrevivência em um espetáculo tenso e emocionante. Sendo assim, esse subgênero é um lembrete de que, por mais que o ser humano tenha conquistado o topo da cadeia alimentar, a natureza ainda pode ser assustadoramente poderosa.

Subgêneros menos conhecidos
1 – Eco-Horror
O eco-horror explora a vingança da natureza contra a humanidade, geralmente em resposta a abusos ambientais ou desrespeito à natureza. Filmes como Os Pássaros, de Alfred Hitchcock, e O Dia Depois de Amanhã abordam a natureza como uma força incontrolável que se volta contra a humanidade, retratando animais e eventos naturais como ameaças. Portanto, este subgênero reflete a crescente preocupação com o meio ambiente e as consequências da ação humana sobre o planeta.
2 – Terror Folk (Folclórico)
Inspirado em mitos e lendas regionais, o terror folk explora o horror enraizado em tradições e crenças antigas. Exemplos incluem O Homem de Palha, onde uma comunidade isolada segue práticas pagãs, e Midsommar, de Ari Aste. Este leva o terror para uma aldeia na Suécia e explora o horror à luz do dia, numa reinterpretação perturbadora do gênero. Nesse sentido, o terror folk evoca o medo do estranho e do oculto, explorando a tensão entre culturas modernas e práticas ancestrais.
3 – Terror Zumbi
O terror zumbi, embora conhecido, merece destaque por seu foco na sobrevivência e no medo do apocalipse. Com filmes como Madrugada dos Mortos e Guerra Mundial Z, esse subgênero mostra a luta pela sobrevivência em meio a hordas de mortos-vivos. Nesse sentido, a presença dos zumbis é uma metáfora para o medo da perda de identidade e do colapso social, transformando o terror em uma batalha pela humanidade.
4 – Terror de sobrevivência
O terror de sobrevivência foca na luta dos personagens para sobreviver em situações de vida ou morte, onde a ameaça pode vir de humanos, animais ou elementos da natureza. Nesse sentido, filmes como Ao Cair da Noite e O Silêncio dos Inocentes trazem essa experiência visceral de lutar para sobreviver, geralmente em cenários isolados e com tensão crescente. Portanto, o foco aqui é o instinto humano de sobrevivência e a capacidade de resistir a situações extremas.
A evolução e mistura dos Subgêneros
O terror moderno frequentemente mistura elementos de diversos subgêneros para criar experiências únicas. Filmes como Hereditário combinam terror psicológico com sobrenatural, enquanto A Bruxa mistura terror folk e horror psicológico. Portanto, essa combinação oferece novas possibilidades narrativas, mantendo o gênero fresco e imprevisível.
Complexidade dos subgêneros
O gênero de terror continua a evoluir, e cada subgênero nos permite explorar diferentes tipos de medo e tensão. Seja pela violência gráfica, pelo medo psicológico, ou pelo horror sobrenatural, o terror sempre encontrou formas de refletir nossas ansiedades e enfrentar nossos medos. Como espectadores, somos convidados a entrar em mundos desconhecidos e confrontar aquilo que, no fundo, preferíamos ignorar. Essa é a beleza e a complexidade dos subgêneros de terror, que, juntos, formam um vasto panorama do que é temido – e fascinante – na natureza humana.