Sting – Aranha Assassina e o vazio da nostalgia

Sting: Aranha Assassina, que acabou de estrear no Prime Video, tenta recriar o espírito dos filmes de criaturas assassinas das décadas passadas. Dirigido por Kiah Roache-Turner, o filme apresenta uma trama que mistura nostalgia e exagero, mas será que consegue se destacar entre os clássicos do gênero?

O roteiro: uma aranha fora de controle

A trama de Sting – Aranha Assassina acompanha Charlotte, uma menina de 12 anos que encontra uma pequena aranha e decide criá-la em segredo. Inicialmente, o inseto se mostra incrivelmente talentoso e encantador, mas rapidamente se transforma em um monstro gigante sedento por carne. Conforme a criatura foge ao controle, Charlotte precisa enfrentar a terrível verdade sobre seu animal de estimação e lutar pela sobrevivência de sua família, enquanto o prédio onde mora se torna palco de um verdadeiro pesadelo aracnídeo.


Pra quem busca diversão ligeira e despretensiosa, Sting: Aranha Assassina supre todas as necessidades. (Foto: Diamond Filmes)
Pra quem busca diversão ligeira e despretensiosa, Sting: Aranha Assassina supre todas as necessidades. (Foto: Diamond Filmes)

A nostalgia e a construção do filme

O longa traz elementos típicos do cinema daquela época: uma protagonista infantil, efeitos práticos misturados com CGI e uma estética que remete às fitas VHS. A fotografia borrada, os enquadramentos exagerados e o tom performático das atuações deixam claro o desejo do diretor de evocar uma sensação de retorno ao passado. No entanto, apesar da boa execução estética, a falta de originalidade no roteiro prejudica o impacto final.

Além disso, o filme aposta no uso intenso de sombras e penumbras para esconder a criatura e criar uma atmosfera de suspense, algo que remete aos clássicos do terror. A escolha de efeitos práticos para dar vida à aranha é um ponto positivo, pois evita o desgaste do CGI excessivo, que tem se tornado uma queixa frequente entre os fãs do gênero. O recente Alien: Romulus mostrou como os efeitos práticos podem ser aplicados de forma magistral para tornar o terror mais imersivo e visceral. Infelizmente, Sting não consegue atingir o mesmo equilíbrio, muitas vezes parecendo mais um exercício de estilo do que uma obra impactante.

Comparando com outros filmes de aranhas assassinas

O cinema de terror já explorou diversas vezes o medo instintivo que as pessoas têm de aranhas. Um dos exemplos mais icônicos é Aracnofobia (1990), que combinava horror e humor de forma equilibrada, criando um clima de tensão crescente com aranhas reais treinadas. O filme se tornou um marco, pois conseguiu trabalhar o medo aracnídeo com criatividade, sem precisar recorrer a um exagero cômico ou uma abordagem superficial.

Outro clássico do gênero é A Invasão das Aranhas Gigantes (1975), uma produção trash que, mesmo limitada tecnicamente, soube entregar uma narrativa absurda, mas cativante. O filme apostava no terror psicológico e na paranoia crescente da cidade atacada por aranhas gigantes, algo que Sting tenta reproduzir, mas sem o mesmo impacto narrativo.

Infestação é uma produção recente e mistura o horros das aranhas com crítica social. (Foto: Paris Filmes)
Infestação é uma produção recente e mistura o horros das aranhas com crítica social. (Foto: Paris Filmes)

Infestação x Sting: uma abordagem diferenciada

Mais recentemente, Infestação (2024) trouxe uma abordagem diferenciada ao subgênero, misturando o horror aracnídeo com críticas sociais. Diferente de Sting, que apenas imita os filmes antigos sem apresentar novas ideias, Infestação utiliza as aranhas como metáfora para problemas contemporâneos, tornando-se uma obra mais relevante e impactante.

E não podemos esquecer de Tarântula (1955), um dos primeiros filmes a explorar o horror das aranhas gigantes. Apesar dos efeitos rudimentares, a obra é pioneira e estabeleceu muitas das convenções que vemos até hoje. Outros filmes como Aranhas Assasinas (2000), que investiu no suspense e terror e teve até uma continuação, e Camel Spiders (2011), que abraçou o absurdo, mostram como é possível reinventar esse terror sem depender apenas da nostalgia.

Além desses, vale mencionar Aranhas 3D (2013), um filme que tentou modernizar o gênero com uma abordagem mais sombria e claustrofóbica, utilizando aranhas geneticamente modificadas. A Maldição das Aranhas (Kingdom of the Spiders,1977), estrelado por William Shatner, também é um bom exemplo de como o gênero pode funcionar bem quando existe um senso de ameaça palpável, sem exagerar no ridículo. Já Malditas Aranhas (Eight Legged Freaks, 2002) optou por uma abordagem cômica, mas bem executada, trazendo uma sátira divertida ao gênero.

Conclusão: nostalgia não é o bastante

Sting: Aranha Assassina pode até divertir os fãs do gênero por sua estética retrô, mas sua falta de originalidade o impede de alcançar o status de clássico. Diferente de filmes que reinventaram o horror aracnídeo, como Infestação e Aracnofobia, Sting se contenta em ser apenas uma homenagem vazia. O terror deve evoluir, e não apenas revisitar o passado sem oferecer algo novo.

Confira o trailer de Sting: Aranha Assassina

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Diego Almeida

Formado em Publicidade e pós graduado em Artes visuais. Admirador da cultura pop no geral, com objetivo em viajar por toda Europa em 1 mês apenas.

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