Retrospectiva 2021: o ano dos retornos e reinvenções

O ano de 2021 marcou o ressurgimento do cinema, após um período crítico provocado pela pandemia de COVID-19. Sendo assim, esse ano trouxe desafios, mas também mostrou a resiliência da indústria, com lançamentos inovadores, cerimônias de premiação repaginadas e a consolidação de novas tendências de distribuição. Abaixo, relembramos os eventos mais marcantes que definiram o ano, desde estreias de peso e diretores aclamados até novas ondas de criatividade.

Um Oscar diferente e premiações híbridas

A cerimônia do Oscar de 2021 foi especialmente inovadora, com mudanças no formato devido às restrições de segurança. A 93ª edição foi realizada na Union Station, em Los Angeles, e teve um formato mais intimista e em menor escala. Sendo assim, Nomadland, dirigido por Chloé Zhao, conquistou o prêmio de Melhor Filme e também deu à diretora o Oscar de Melhor Direção, fazendo dela a segunda mulher, e a primeira de origem asiática, a ganhar essa categoria. Nesse sentido, a performance de Frances McDormand em Nomadland também lhe rendeu o prêmio de Melhor Atriz, enquanto Anthony Hopkins foi nomeado Melhor Ator por seu papel em Meu Pai, um filme que explorou de forma comovente as complexidades do envelhecimento e da perda de memória.

Sendo assim, a premiação foi também marcada pela diversidade de narrativas e uma abordagem mais inclusiva, com maior representatividade étnica entre os indicados. Portanto, este foi um reflexo das mudanças que a Academia vinha prometendo há anos. 2021 foi o ano em que essas promessas começaram a se consolidar.

O sucesso dos streamings e a disputa pelo público no ano de 2021

Em 2021, as plataformas de streaming se tornaram mais poderosas do que nunca, competindo diretamente com o cinema tradicional. Sendo assim, Lançamentos como O Tigre Branco (Netflix), Borat: Fita de Cinema Seguinte (Amazon Prime Video), e Judas e o Messias Negro (HBO Max) ganharam popularidade e prestígio, mostrando que o streaming também é capaz de trazer narrativas complexas e de impacto cultural.

Filmes como Liga da Justiça de Zack Snyder se tornaram fenômenos culturais, sendo lançados diretamente em plataformas digitais. A versão “Snyder Cut” foi um marco não só por sua extensão de quatro horas, mas também pelo envolvimento e dedicação dos fãs. Contudo, Duna, dirigido por Denis Villeneuve, também experimentou um lançamento híbrido (cinemas e streaming simultaneamente), e mesmo assim conquistou o público com sua impressionante cinematografia e narrativa épica, adaptada do clássico de ficção científica de Frank Herbert.

O renascimento dos musicais e o lançamento de Amor, Sublime Amor

Os musicais tiveram um ano de destaque em 2021, com lançamentos que trouxeram de volta o glamour e a fantasia desse gênero. Sendo assim, Amor, Sublime Amor, dirigido por Steven Spielberg, trouxe uma reinterpretação da clássica história de amor. Ambientada na Nova York dos anos 1950 e abordando as divisões raciais e sociais. Nesse sentido, o filme foi amplamente elogiado pela crítica, especialmente pela direção detalhista de Spielberg e pelas coreografias encantadoras. Embora a bilheteria tenha ficado aquém do esperado devido às condições incertas de exibição.

Outro musical notável foi Em um Bairro de Nova York, de Jon M. Chu, que adaptou o musical de Lin-Manuel Miranda para o cinema. O filme celebrou a vida e a cultura latina em Washington Heights, com canções vibrantes e um elenco diversificado que ganhou a simpatia do público. Especialmente pela celebração da identidade e da diversidade cultural.

Maligno se consagrou no terror no ano de 2021 e deu novo fôlego ao gênero - Foto: Warner Bros/Divulgação
Maligno se consagrou no terror no ano de 2021 e deu novo fôlego ao gênero – Foto: Warner Bros/Divulgação

A consagração do gênero de terror com Maligno e Um Lugar Silencioso Parte II

O terror também teve seus momentos de brilho em 2021. Maligno, de James Wan, trouxe uma narrativa inesperada e instigante, misturando terror psicológico com elementos sobrenaturais, que surpreendeu o público e dividiu opiniões. No entanto, James Wan, famoso por seu trabalho na franquia Invocação do Mal, entregou um filme que redefiniu as expectativas do gênero. Atraindo fãs de histórias macabras e inesperadas.

Outro destaque foi Um Lugar Silencioso Parte II, de John Krasinski, que continuou a saga de sobrevivência em um mundo onde qualquer ruído pode ser fatal. A sequência manteve o suspense e a intensidade do primeiro filme, sendo um dos primeiros grandes lançamentos a atrair o público de volta aos cinemas. Portanto, a narrativa inovadora e a experiência imersiva fizeram deste um dos filmes de terror mais memoráveis do ano.

A ascensão do Cinema Asiático e o impacto de Minari

Após o sucesso de Parasita em 2019, 2021 consolidou a ascensão do cinema asiático em Hollywood com filmes como Minari: Em Busca da Felicidade, de Lee Isaac Chung. A história autobiográfica de uma família coreana tentando se estabelecer em uma área rural dos Estados Unidos tocou profundamente o público. Sendo assim, Minari foi indicado ao Oscar em várias categorias e trouxe Youn Yuh-jung como a primeira atriz sul-coreana a vencer o prêmio de Melhor Atriz Coadjuvante, em uma performance cativante e cheia de nuances.

Nesse sentido, esse sucesso refletiu a crescente demanda por histórias de diversas culturas. Provando que o público está cada vez mais aberto a narrativas que explorem experiências culturais autênticas e enriquecedoras.

Novas formas de exibição e o desafio da experiência cinematográfica

2021 foi um ano de experimentação para os estúdios, que precisaram se adaptar às mudanças de comportamento do público. Nesse sentido, as janelas de exibição foram encurtadas, e a estratégia de estreias simultâneas em plataformas de streaming e cinemas se tornou mais comum, com a Warner Bros. e a Disney testando novos modelos para lançamentos como Viúva Negra e Matrix Resurrections.

O cenário trouxe um intenso debate entre cineastas e estúdios sobre o futuro da experiência cinematográfica. No entanto, diretores como Denis Villeneuve e Christopher Nolan defenderam a importância das salas de cinema como espaços únicos, enquanto estúdios apostaram em estratégias híbridas para alcançar públicos amplos e diversificados. Portanto, esse embate destaca a importância de se repensar o cinema e como ele pode coexistir com a tecnologia.

O retorno de grandes diretores e filmes autobiográficos no ano 2021

Em 2021, renomados diretores voltaram com novas obras. Paul Thomas Anderson lançou Licorice Pizza, uma comédia dramática situada nos anos 1970 que celebra o amor jovem e a nostalgia. Sendo assim, o filme foi indicado ao Oscar e aclamado pela crítica, especialmente por seu roteiro original e a interpretação de novos talentos como Alana Haim e Cooper Hoffman.

Kenneth Branagh, por sua vez, trouxe Belfast, uma obra autobiográfica ambientada na Irlanda do Norte, narrando os desafios de uma família em meio aos conflitos políticos. Portanto, Belfast foi elogiado pela autenticidade emocional e pela estética em preto e branco que capturou a inocência e a resiliência de uma infância em tempos difíceis.

Godzilla vs. Kong deixou o público impactado com efeitos visuais de ponta em 2021  - Foto: Divulgação/Warner Bros.
Godzilla vs. Kong deixou o público impactado com efeitos visuais de ponta em 2021  – Foto: Divulgação/Warner Bros.

A evolução dos efeitos visuais e o impacto de Godzilla vs. Kong

As produções de grande orçamento em 2021 não apenas surpreenderam pelo enredo, mas também pelo avanço dos efeitos visuais. Sendo assim, Godzilla vs. Kong, um dos lançamentos mais aguardados, entregou uma batalha épica entre os monstros icônicos, combinando efeitos visuais de ponta com uma narrativa que agradou aos fãs. A recepção calorosa mostrou que o público ainda valoriza experiências visuais espetaculares, que muitas vezes são otimizadas para a tela grande.

Mudanças e desafios do cinema no ano 2021

O ano de 2021 trouxe uma mescla de tradição e inovação, com filmes que exploraram novas narrativas e diretores que voltaram ao centro do palco. Em um período de intensas mudanças e desafios, a indústria mostrou que a arte do cinema é resiliente e capaz de se reinventar constantemente. À medida que o público se adapta a novas formas de consumo, o cinema continua sendo uma força vital de expressão cultural e entretenimento.

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Diego Almeida

Formado em Publicidade e pós graduado em Artes visuais. Admirador da cultura pop no geral, com objetivo em viajar por toda Europa em 1 mês apenas.

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