Morre o compositor Ennio Morricone, aos 91 anos

O maestro e compositor Ennio Morricone morreu aos 91 anos nesta segunda-feira, em Milão, na Itália.

O maestro e compositor Ennio Morricone morreu aos 91 anos nesta segunda-feira, em Milão, na Itália. Segundo Giorgio Assuma, advogado da família, Morricone estava internado há dez dias em uma clínica em Roma após cair e fraturar o fêmur.

Trajetória

Ennio Morricone nasceu em 10 de novembro de 1928, em Roma, Itália. Ele é amplamente considerado um dos maiores compositores de trilhas sonoras cinematográficas de todos os tempos, conhecido por sua abordagem inovadora e diversificada para a música de cinema. Ele compôs mais de 500 trilhas sonoras para filmes e programas de TV ao longo de sua carreira, abrangendo uma ampla gama de gêneros e estilos.

Começou a compor trilhas sonoras para cinema durante a década de 1960. Sua entrada na indústria cinematográfica foi influenciada por suas habilidades musicais, educação formal em música e sua colaboração com o diretor Sergio Leone. Aqui está uma visão geral de como ele deu os primeiros passos na composição de trilhas para cinema:

Formação Musical: Ennio Morricone nasceu em uma família de músicos e mostrou interesse pela música desde cedo. Ele estudou composição e trompete no Conservatório de Música de Roma e logo se destacou como um músico talentoso.

Parceria com Sergio Leone

Uma das viradas cruciais em sua carreira foi sua parceria com o diretor italiano Sergio Leone. Morricone e Leone se conheceram na infância e mais tarde, Leone o convidou para compor a trilha sonora de “Por um Punhado de Dólares” (1964). Esse filme marcou o início da colaboração entre os dois e estabeleceu o estilo distintivo de trilhas sonoras de Morricone.

Inovação Musical: Morricone trouxe inovações musicais para o gênero western, incorporando elementos do jazz, música experimental, sons eletrônicos e instrumentos não convencionais. Sua abordagem única enriqueceu as atmosferas dos filmes e ajudou a criar identidades sonoras memoráveis.

Abordagem Criativa: Morricone acreditava em criar trilhas sonoras que fossem intrinsecamente ligadas à narrativa e aos personagens do filme. Ele frequentemente compunha antes das filmagens, permitindo que a música influenciasse a direção do filme, em vez do contrário. Essa abordagem criativa contribuiu para a integração eficaz da música à experiência cinematográfica.

Trabalho Prolífico: Após o sucesso das trilhas sonoras dos filmes de Sergio Leone, Morricone se tornou um compositor altamente requisitado em toda a indústria cinematográfica. Ele colaborou com uma variedade de diretores e abordou uma ampla gama de gêneros, mostrando sua versatilidade como compositor.

Reconhecimento Internacional: Ao longo de sua carreira, Morricone recebeu vários prêmios e honrarias por suas contribuições à música para cinema, incluindo Oscars, Globos de Ouro e muitos outros reconhecimentos internacionais.

A colaboração contínua com Sergio Leone, combinada com a abordagem inovadora e criativa de Morricone, foi fundamental para sua ascensão como um dos compositores de trilhas sonoras mais renomados e influentes da história do cinema. Suas trilhas sonoras icônicas ajudaram a definir gêneros e a criar experiências cinematográficas inesquecíveis.

Principais Desafios em Projetos Cinematográficos:
Um dos principais desafios que Ennio Morricone enfrentou em sua carreira foi a necessidade de criar trilhas sonoras que se encaixassem perfeitamente nas atmosferas e narrativas únicas de cada filme. Ele frequentemente trabalhou com o diretor italiano Sergio Leone, sendo mais conhecido por suas trilhas para os chamados “spaghetti westerns”, como “Por um Punhado de Dólares”, “Por uns Dólares a Mais” e “Três Homens em Conflito”. Nesses projetos, Morricone teve que capturar o ambiente árido e desolado do Velho Oeste, ao mesmo tempo em que enfatizava a tensão e os conflitos dos personagens.

Outro desafio notável foi sua colaboração com diretores de diferentes nacionalidades e gêneros, o que o obrigava a se adaptar a diferentes estilos musicais e abordagens narrativas. Morricone também ocasionalmente teve que trabalhar com prazos apertados, criando composições marcantes em um curto espaço de tempo.

Legado e Influência no Mercado:
Ennio Morricone deixou um legado duradouro na indústria cinematográfica e musical. Sua capacidade de criar melodias memoráveis e atmosféricas contribuiu significativamente para a narrativa e o impacto emocional de muitos filmes. Sua colaboração com Sergio Leone ajudou a definir o gênero western e influenciou uma geração de cineastas e compositores.

Sua influência não se limitou apenas ao cinema. Morricone também contribuiu para a música clássica contemporânea, experimentando diferentes instrumentações e técnicas de composição. Sua abordagem eclética incorporou elementos do jazz, música experimental, música folclórica e outros estilos, criando uma assinatura sonora única.

O trabalho de Morricone lhe rendeu reconhecimento e prêmios ao longo dos anos, incluindo vários Oscars, sendo o Oscar honorário em 2007 por suas contribuições à música para cinema. Sua música continua sendo interpretada e celebrada, demonstrando sua influência duradoura na cultura popular e na música de filmes.

Quentin Tarantino

O relacionamento entre Ennio Morricone e Quentin Tarantino foi uma colaboração significativa e respeitosa, que resultou em trilhas sonoras memoráveis para os filmes de Tarantino. A parceria entre os dois cineastas permitiu que Morricone contribuísse para a atmosfera única dos filmes de Tarantino, ao mesmo tempo em que expandia seu próprio legado na música para cinema. Aqui está um resumo do relacionamento entre Morricone e Tarantino:

“Django Livre” (2012): A colaboração entre Ennio Morricone e Quentin Tarantino começou de forma oficial com o filme “Django Livre”. Embora Morricone não tenha composto toda a trilha sonora, ele contribuiu com uma música original intitulada “Ancora Qui”, que desempenhou um papel significativo no filme. A música capturou a essência dos westerns spaghetti e acrescentou uma dimensão emocional à história.

Respeito Mútuo: Tarantino sempre expressou sua admiração pelo trabalho de Morricone e pelo impacto que suas trilhas sonoras tiveram em seus filmes favoritos. Morricone, por sua vez, também demonstrou respeito e apreço pelo estilo distinto e criativo de Tarantino como diretor.

“Os Oito Odiados” (2015): Esta colaboração se aprofundou ainda mais com o filme “Os Oito Odiados”. Quentin Tarantino pediu a Morricone que compusesse a trilha sonora completa para o filme, algo que o compositor italiano não costumava fazer para diretores além de Sergio Leone. Morricone aceitou o desafio e criou uma trilha sonora atmosférica e tensa que se integrou perfeitamente à narrativa.

Oscar e Reconhecimento: A trilha sonora de “Os Oito Odiados” lhe rendeu a cobiçada estatueta do Oscar de Melhor Trilha Sonora Original em 2016. Foi um momento significativo para Morricone, já que ele havia sido indicado diversas vezes ao longo dos anos, mas só recebeu o prêmio honorário em 2007.

Legado Compartilhado: A colaboração entre Morricone e Tarantino é vista como uma fusão de gerações e estilos. Enquanto Morricone trouxe sua sensibilidade musical única e influência dos clássicos do cinema italiano, Tarantino incorporou essas trilhas sonoras a seus filmes modernos e muitas vezes controversos.

Últimos Anos: Ennio Morricone e Quentin Tarantino mantiveram contato e amizade até o falecimento de Morricone em 2020. A influência e as contribuições de Morricone para os filmes de Tarantino continuam a ser celebradas como parte do legado de ambos os artistas.

A colaboração entre Ennio Morricone e Quentin Tarantino deixou uma marca significativa na história do cinema, mostrando como dois talentos únicos podem se unir para criar experiências cinematográficas memoráveis e imersivas através da música.

Em resumo, Ennio Morricone foi um compositor visionário e versátil que superou desafios únicos em projetos cinematográficos, deixando um legado significativo que influencia tanto a música quanto o cinema até os dias de hoje.

Vale a pena conferir

Aqui estão dez filmes que são amplamente considerados alguns dos mais importantes e influentes da carreira de Ennio Morricone:

“Por um Punhado de Dólares” (1964): Este foi o primeiro filme da trilogia de Sergio Leone conhecida como “Dólares”, e a colaboração entre Leone e Morricone introduziu o estilo icônico de trilhas sonoras de Morricone nos filmes de western.

“Por uns Dólares a Mais” (1965): Continuando a parceria com Leone, Morricone criou uma trilha sonora memorável que ajudou a definir o gênero “spaghetti western”.

“Três Homens em Conflito” (1966): Também conhecido como “O Bom, o Mau e o Feio”, este filme é frequentemente considerado um dos trabalhos mais emblemáticos de Morricone, com suas melodias icônicas que se tornaram sinônimos do gênero western.

“A Missão” (1986): A trilha sonora de “A Missão” é uma das mais emocionais e poderosas de Morricone, capturando a espiritualidade e a tragédia do enredo.

“Era uma Vez no Oeste” (1968): Mais uma colaboração com Sergio Leone, esta trilha sonora é marcada por suas longas composições atmosféricas que se misturam perfeitamente com a paisagem do Velho Oeste.

“Cinema Paradiso” (1988): Neste filme dirigido por Giuseppe Tornatore, Morricone criou uma trilha sonora emotiva que encapsula a nostalgia e a magia do cinema.

“Os Intocáveis” (1987): Morricone foi indicado ao Oscar por sua trilha sonora para este filme, que contribuiu para a atmosfera de suspense e drama.

“O Profissional” (1981): Conhecido internacionalmente como “The Professional” ou “Le Professionnel”, este filme francês conta com uma trilha sonora memorável de Morricone.

“Era uma Vez na América” (1984): Outra colaboração com Sergio Leone, esta trilha sonora dramática e emotiva complementa a narrativa complexa do filme.

“Meu Nome é Ninguém” (1973): Uma mistura de comédia e western, esta trilha sonora demonstra a habilidade de Morricone de adaptar sua música a diferentes gêneros.

Vale ressaltar que esta lista é apenas uma seleção dos muitos filmes notáveis em que Ennio Morricone trabalhou ao longo de sua carreira prolífica. Suas contribuições musicais deixaram uma marca duradoura na indústria cinematográfica e continuam a ser celebradas por fãs e cineastas até hoje.

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Diego Almeida
Diego Almeida

Formado em Publicidade e pós graduado em Artes visuais. Admirador da cultura pop no geral, com objetivo em viajar por toda Europa em 1 mês apenas.

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