Se estivesse viva, Marilyn Monroe completaria 94 anos. A atriz e ícone cultural continua a fascinar o mundo, enchendo de lucros as contas de quem detém os direitos de uso de sua imagem. Mesmo mais de seis décadas após sua morte, a “loura burra” que desafiou estereótipos no cinema e tornou-se um fenômeno de influência ainda mexe com o imaginário popular, inspirando gerações na moda, no estilo, e na cultura de maneira geral.
A jornada de Norma Jeane
Marilyn Monroe, nascida Norma Jeane Mortensen em 1º de junho de 1926, teve uma infância marcada por dificuldades e uma família desestruturada. Sua mãe, Gladys Pearl Monroe, sofria de problemas psicológicos severos e era constantemente internada, deixando Norma aos cuidados de parentes ou em orfanatos. Todavia, ela nunca conheceu seu pai, o que agravou seu sentimento de abandono e a impulsionou a buscar uma vida diferente, onde poderia ser amada e admirada.
Casar-se cedo foi uma escolha de sobrevivência. Aos 16 anos, Norma se casou por conveniência, já que sem isso teria que retornar ao orfanato. No entanto, o casamento não trouxe felicidade. Seu marido foi convocado para servir na Marinha durante a Segunda Guerra Mundial, e ela se viu morando com os sogros, desanimada e infeliz. Foi durante esse período que sua vida começou a mudar.
De operária a modelo
Para fugir da rotina doméstica que detestava, Norma começou a trabalhar em uma fábrica que produzia peças para a força aérea. Lá, o destino interveio: um fotógrafo enviado para captar imagens de mulheres que contribuíam com o esforço de guerra a notou. Ele viu algo especial nela, e essa oportunidade mudou tudo. Norma iniciou uma carreira como modelo e, com o tempo, percebeu que um visual marcante a ajudaria a ser notada. Sendo assim, pintou o cabelo de loiro, adotando a aparência que a tornaria uma lenda.
Seu trabalho como modelo chamou a atenção de grandes estúdios de cinema. Em 1946, ela assinou um contrato de seis meses com a 20th Century Fox, onde recebeu o nome artístico de Marilyn Monroe, uma combinação sugerida pelo executivo Ben Lyon. Nesse sentido, Marilyn começou a estudar canto, dança e atuação, moldando-se para se tornar uma estrela de Hollywood.
Marilyn Monroe: a primeira coelhinha da Playboy
Apesar do potencial, o caminho não foi fácil. Em 1949, após um contrato com a Columbia Pictures não ser renovado e a Fox não demonstrar interesse imediato, Marilyn enfrentou dificuldades financeiras severas. Desesperada e sem dinheiro, ela aceitou a proposta do fotógrafo Tom Kelley para posar nua. Era uma decisão arriscada, mas ela sentiu que não tinha escolha. Por 50 dólares, ela participou de uma sessão de fotos sobre um fundo de veludo vermelho. Nesse sentido, as imagens seriam usadas em um calendário, mas, com seu cabelo mais longo na época, Marilyn esperava que ninguém a reconhecesse.
Quando sua carreira começou a decolar em 1952, o calendário foi redescoberto, e os jornalistas rapidamente procuraram saber se a loira icônica era realmente a mulher nas fotos. Em uma entrevista franca, Marilyn admitiu ser ela mesma. “Por que negar? Não fiz nada de errado. Meu aluguel estava atrasado, e eu precisava de dinheiro”, explicou. Sua sinceridade e charme natural transformaram o que poderia ter sido um escândalo em uma oportunidade. A partir daí, o público se apaixonou ainda mais por sua coragem e autenticidade.
No final de 1953, Hugh Hefner comprou os direitos das fotos de Tom Kelley e lançou a primeira edição da Playboy, colocando Marilyn na capa. A revista foi um sucesso instantâneo, marcando o início de uma nova era de publicações masculinas. Portanto, a escolha de Marilyn para a capa não poderia ter sido mais simbólica: ela era o ícone perfeito para abrir caminho para a revolução sexual que se aproximava.
Um ícone eterno na moda e cultura
O impacto de Marilyn Monroe vai muito além de suas fotos na Playboy ou de seu papel no cinema. Sua imagem transcendeu o entretenimento, moldando padrões de beleza e influenciando a moda. O vestido branco esvoaçante de O Pecado Mora ao Lado (1955) ainda é uma referência, enquanto sua maquiagem marcante — lábios vermelhos e olhos delineados — se tornou sinônimo de glamour atemporal. Designers como Dolce & Gabbana e Versace frequentemente se inspiram nela, recriando looks que evocam a sensualidade e o charme únicos de Marilyn.
Celebridades contemporâneas, de Madonna a Lady Gaga, canalizam seu estilo para causar impacto, e sua influência é visível em campanhas publicitárias, editoriais de moda e até mesmo em temas de música. Sendo assim, na cultura pop, sua imagem continua a gerar milhões de dólares anualmente. Produtos licenciados com sua marca, de cosméticos a obras de arte, são garantia de sucesso, perpetuando sua lenda como uma das figuras mais lucrativas da história.
Marilyn Monroe: entre o encanto e a controvérsia
Marilyn Monroe, mesmo décadas após sua morte, continua sendo uma figura que desperta fascínio e curiosidade no imaginário popular. Seu legado não é apenas de glamour e sensualidade, mas também de uma vida marcada por traumas, angústias e vulnerabilidades que, para alguns, ofuscam seu brilho de estrela global. Prova disso é a decisão da atriz Megan Fox, uma antiga admiradora de Monroe, de remover uma tatuagem que carregava em homenagem à icônica diva.
Na época em que fez a tatuagem, Fox via em Marilyn um símbolo de beleza e mistério, inspirando gerações com sua imagem inconfundível. No entanto, conforme Megan conheceu melhor a complexidade da vida de Monroe, percebeu que a história da atriz não trazia a energia positiva que desejava carregar em sua própria pele. Em entrevistas, Fox afirmou que Monroe, apesar de sua influência duradoura na moda e na cultura, também representa aspectos negativos: uma trajetória marcada por excessos, sofrimento emocional e uma aura que, segundo ela, poderia atrair vibrações indesejadas.
Assim, a decisão de apagar a tatuagem revela como Marilyn continua a ser um ícone paradoxal: ao mesmo tempo em que molda padrões e tendências, ela também é vista como um exemplo de como a fama e a pressão da indústria podem cobrar um preço alto.
O mito da “loura burra”
No cinema, Marilyn foi estigmatizada como a “loura burra,” um arquétipo que ela ajudou a definir e, ao mesmo tempo, subverter. Filmes como Os Homens Preferem as Louras (1953) e Como Agarrar um Milionário (1953) capitalizaram sua aparência deslumbrante e seu timing cômico impecável, mas também revelaram uma inteligência subjacente em suas personagens. Sendo assim, Marilyn usava o estereótipo para seu benefício, desafiando expectativas e encantando o público com uma vulnerabilidade que parecia genuína.
No entanto, fora das telas, Marilyn era tudo menos burra. Ela lia vorazmente, estudava as artes e aspirava a ser reconhecida por seu talento, e não apenas por sua beleza. Sua colaboração com Lee Strasberg no Actors Studio é um testemunho de sua dedicação à atuação séria, uma busca constante que nunca lhe trouxe o respeito total de seus colegas da indústria.
O legado duradouro de Marilyn Monroe
Marilyn Monroe permanece uma presença poderosa na cultura moderna. Em exposições, livros e documentários, a história de Norma Jeane ainda ressoa, e sua transformação em Marilyn Monroe simboliza os sonhos e as armadilhas da fama. Sendo assim, sua trágica morte em 1962 aos 36 anos só contribuiu para o mito, transformando-a em uma das figuras mais estudadas e celebradas da história.
Enquanto o mundo se lembra dela aos 94 anos, Marilyn continua a ser um símbolo de desejo, vulnerabilidade e resiliência. Seu impacto se estende muito além de sua breve vida, e sua lenda parece apenas crescer com o passar do tempo. Portanto, seja em uma capa de revista ou como musa eterna da moda, ela permanece viva no imaginário popular, iluminando o mundo com seu brilho inapagável.