“O Duplo” , lançado em 2013 e estrelado por Jesse Eisenberg, é um dos filmes mais enigmáticos e controversos da carreira do ator. Dirigido por Richard Ayoade, o longa é uma adaptação livre do romance homônimo de Fyodor Dostoiévski. O filme explora temas de identidade, alienação e o absurdo da vida moderna. No final, a escolha da canção “The Sun” de Kim Jung Mi para encerrar a trama é tanto inesperada quanto profundamente simbólica.
A escolha da canção
A inclusão de “The Sun” como música de encerramento foi uma escolha deliberada que carrega consigo uma série de implicações. Ayoade é conhecido por sua sensibilidade na escolha de trilhas sonoras, e “The Sun” não é exceção. Contudo, lançada originalmente na Coreia do Sul nos anos 70, a canção é interpretada por Kim Jung Mi, uma figura icônica da música psicodélica coreana. Dessa forma, a escolha de uma música relativamente obscura e distante da cultura ocidental contemporânea reflete a atmosfera única e deslocada de “O Duplo”. Sendo assim, a música, com sua melodia suave e letra introspectiva, cria um contraste marcante com a narrativa sombria do filme.
Letra e significado de “The Sun”
A letra de “The Sun” é poética e reflexiva, abordando temas de solidão e a busca por sentido. “O sol se põe, e eu continuo sozinho, buscando um caminho,” canta Kim Jung Mi. A melancolia da canção ressoa com a jornada do protagonista, Simon James, um homem que luta para ser notado em um mundo indiferente. No filme, Simon é confrontado por seu doppelgänger, um homem idêntico a ele, mas com uma personalidade diametralmente oposta. Nesse sentido, esse confronto gera uma crise de identidade e uma luta desesperada por reconhecimento. Contudo, a letra de “The Sun” reflete essa luta interna e o sentimento de impotência diante das forças externas.
Impacto Emocional
A utilização de “The Sun” no final de “O Duplo” é uma jogada poderosa que amplifica o impacto emocional do filme. Após a culminação do conflito entre Simon e seu doppelgänger, a música serve como um momento de contemplação. A suavidade da voz de Kim Jung Mi e a melodia simples criam um contraste com a tensão acumulada ao longo do filme. Esse contraste provoca uma catarse no espectador, permitindo uma reflexão sobre os temas abordados na narrativa.
A canção também contribui para o sentimento de desconexão temporal e cultural presente no filme. “O Duplo” se passa em um ambiente indefinido, com elementos retrofuturistas que desafiam a categorização temporal. Dessa forma, “The Sun” , com sua origem nos anos 70 e sua estética psicodélica, reforça essa sensação de atemporalidade e deslocamento.

Curiosidades e reações com “The Sun”
Uma curiosidade interessante é que “The Sun” não era amplamente conhecida fora da Coreia do Sul até sua inclusão em “O Duplo”. Portanto, a música ganhou notoriedade internacional após o lançamento do filme, levando muitos a descobrir a rica cena musical psicodélica da Coreia do Sul dos anos 70. Dessa forma, a decisão de Ayoade de incluir essa canção também pode ser vista como uma homenagem à música global e uma maneira de introduzir o público ocidental a uma parte menos conhecida da cultura musical asiática.
A reação à escolha da canção foi amplamente positiva, com críticos elogiando a maneira como ela complementa o tom do filme. Portanto, muitos destacaram a escolha de “The Sun” como um exemplo da habilidade de Ayoade em criar atmosferas únicas através da música.
Escolha inspirada
“The Sun” de Kim Jung Mi é mais do que uma simples canção de encerramento em “O Duplo”. Contudo, ela é uma peça central que encapsula os temas de alienação e busca por identidade presentes no filme. Sendo assim, a escolha desta canção adiciona uma camada de profundidade à narrativa, proporcionando um fechamento poético e reflexivo. Em última análise, “The Sun” é uma escolha inspirada que eleva “O Duplo” a um nível emocional e estético mais elevado, deixando uma impressão marcante nos espectadores.