Há 40 anos era lançado nos cinemas aquele que se tornaria um marco no que diz respeito a filmes de terror e melhor, no nicho lobisomens: ´´Um Lobisomem Americano em Londres´´. Podemos dizer que o ano de 1981 teve a melhor safra desse gênero, simplesmente porque dois, dos melhores filmes de lobisomens foram lançados naquele ano: juntamente à ´´Lobisomem em Londres´´ tivemos ainda, Grito de Horror, que também possui uma das transformações mais realistas da criatura no cinema.
A maquiagem de Rick Baker foi merecidamente premiada com o Oscar por ´´Lobisomem em Londres´´, mas Rob Bottin também deixou sua marca em ´´Grito de Horror´´, o mesmo maquiador que até hoje é lembrado pelo demônio de ´´A Lenda´´. Até mesmo o astro pop Michael Jackson se rendeu ao tema sobrenatural e bateu o pé em sua gravadora, convencendo a todos que seu próximo album teria algo nesse estilo. O cantor contratou toda a equipe responsável pelo efeito de ´´Lobisomem em Londres´´, inclusive o diretor John Landis, para produzir o vídeo clipe de ´´Thriller“.
O terceiro longa também lançado em 1981 e que trazia uma fera assassina é ´´Lobos´´, do diretor Michael Wadleigh, uma produção menor, sem grande impacto, mas que proporciona bons momentos de tensão nesse filme, que é estrelado por Albert Finney e Gregory Hines. Três filmes abordando o mesmo tema: licantropia.
Uma criatura mitológica
A licantropia, também conhecida como a transformação de humanos em lobisomens, é um tema fascinante que tem sido explorado de várias formas no cinema ao longo das décadas. A figura do lobisomem, um ser que oscila entre a natureza humana e animal, possui raízes profundas na mitologia e nas histórias folclóricas de diversas culturas ao redor do mundo. Esse conceito tem sido uma fonte rica de inspiração para os cineastas, que exploraram diferentes abordagens, estilos e gêneros para trazer a licantropia para as telonas.
A licantropia no cinema tem sido representada de maneiras variadas, desde histórias de terror até comédias e romances. Uma das primeiras e mais notáveis aparições do lobisomem nas telas foi em “The Werewolf” (1913), um curta-metragem que explorou o lado sombrio da transformação de um homem em um monstro sedento por sangue durante as noites de lua cheia. No entanto, foi com o clássico “The Wolf Man” (1941), estrelado por Lon Chaney Jr., que o mito do lobisomem realmente ganhou destaque no cinema de Hollywood. Esse filme estabeleceu muitos dos elementos icônicos associados ao gênero, como a maldição da licantropia transmitida por uma mordida e a vulnerabilidade do lobisomem à prata.
Da lua cheia às telonas
Ao longo dos anos, o cinema continuou a explorar a licantropia em diferentes contextos e estilos. Filmes como “Um Lobisomem Americano em Londres” (1981), dirigido por John Landis, combinaram o horror com elementos de humor negro, enquanto “Possuída” (2000) trouxe uma abordagem mais sombria e simbólica, explorando temas de adolescência, sexualidade e isolamento. O gênero também se fundiu com outros, resultando em filmes como “Anjos da Noite” (2003), que mistura licantropos com vampiros em uma guerra sobrenatural.
O cinema contemporâneo também abordou a licantropia de maneiras únicas. “A Garota da Capa Vermelha” e a série “Crepúsculo” trouxeram uma abordagem mais romântica e jovem ao gênero, enquanto “O Lobisomem” (2010), uma releitura do filme de 1941, trouxe uma atmosfera mais sombria e moderna ao mito do lobisomem.
A licantropia no cinema não se limita apenas ao horror e ao suspense. Ela tem sido usada como metáfora para explorar questões mais profundas, como a dualidade da natureza humana, o medo do desconhecido e a luta contra instintos primitivos. Além disso, a licantropia também é frequentemente associada a temas de transformação pessoal, redenção e aceitação.
É um tema versátil e cativante que tem sido explorado de várias maneiras ao longo dos anos. Desde os primeiros filmes de terror clássicos até as abordagens mais contemporâneas e inovadoras, o mito do lobisomem continua a exercer um fascínio duradouro sobre o público e a inspirar uma variedade de histórias cativantes e significativas nas telonas.
A evolução da licantropia nos filmes de lobisomens
O processo de evolução dos filmes de lobisomens no cinema tem sido marcado por mudanças nos estilos, abordagens e temas, refletindo as tendências cinematográficas e as transformações na sociedade ao longo das décadas. Vamos explorar essa evolução em algumas fases principais:
Início do Cinema até os Anos 40: Os primeiros filmes de lobisomens eram frequentemente curtos e focados na natureza horripilante da transformação do homem em lobisomem. Um dos primeiros exemplos é “The Werewolf” (1913), que estabeleceu a base para o gênero. No entanto, foi em 1941, com “The Wolf Man”, que o lobisomem se tornou um ícone do horror, introduzindo elementos como a maldição da mordida e a vulnerabilidade à prata. Esse filme e outros da época eram caracterizados por atmosferas góticas e tramas centradas na luta interna do protagonista contra sua própria natureza.
Anos 50 e 60 – Era dos Monstros B: Nessa época, o cinema de monstros passou por uma fase de declínio, mas também houve filmes interessantes de lobisomens. “I Was a Teenage Werewolf” (1957) exemplifica essa fase, com um toque mais juvenil e psicológico, explorando os problemas da adolescência e da alienação social. Esse período também viu a fusão de monstros clássicos em crossovers, como “Frankenstein Meets the Wolf Man” (1943).
Anos 80 – Horror e Comédia: Os anos 80 trouxeram uma mistura de terror e comédia para o gênero dos lobisomens. “Um Lobisomem Americano em Londres” (1981) é um exemplo notável, combinando efeitos especiais impressionantes com humor negro. Outros filmes, como “Grito de Horror” (1981), também mantiveram o tom de horror, mas exploraram temas de forma mais contemporânea.
Anos 90 – Variedade de Abordagens: Nos anos 90, o gênero passou por uma variedade de abordagens. “Lobo” (1994) e “Lua Negra” (1996) trouxeram elementos de drama pessoal à história de licantropia.
Anos 2000 e Além – Atualizações e Reinvenções: A partir dos anos 2000, houve uma série de atualizações e reinvenções do mito do lobisomem. “Possuída” (2000) e “Amaldiçoados” (2004) e trouxeram uma perspectiva mais simbólica, abordando a adolescência, A série “Anjos da Noite” (2003) misturou lobisomens e vampiros em um contexto de ação e fantasia. A série “Crepúsculo” (2008) trouxe um enfoque romântico e adolescente, enquanto “O Lobisomem” (2010) revisitou o clássico de 1941 com uma abordagem mais sombria e moderna.
Tendências Atuais – Diversificação de Gêneros: Nos anos mais recentes, os filmes de lobisomens continuaram a se diversificar em termos de gêneros e abordagens. Eles têm sido incorporados a filmes de ação, fantasia, terror, comédia e até mesmo dramas mais sérios. Além disso, a mitologia dos lobisomens também tem sido explorada em séries de TV e outras mídias.
Em suma, a evolução dos filmes de lobisomens no cinema reflete as mudanças na sociedade, nos gostos do público e nas tendências cinematográficas. Do horror gótico dos anos 40 à variedade de abordagens e estilos dos dias de hoje, o mito do lobisomem continua a evoluir e a cativar o público de novas maneiras.
Efeitos artesanais x CGI
Os efeitos especiais e a maquiagem desempenharam um papel crucial na evolução dos filmes de lobisomens, contribuindo para a criação de cenas memoráveis e personagens icônicos. A transformação física de um humano em lobisomem é um elemento fundamental desses filmes, e ao longo do tempo, os avanços tecnológicos e criativos influenciaram a maneira como essa transformação é retratada e como ela impactou o público.
Efeitos especiais iniciais:
Nos primeiros filmes de lobisomens, os efeitos especiais e maquiagem eram limitados pelos recursos da época. A transformação muitas vezes envolvia cortes de cena, sombras e truques simples, como sobreposição de imagens. Lon Chaney Jr. usando maquiagem em “The Wolf Man” (1941) para representar a transformação era um marco, mas a mudança ainda era um processo relativamente rudimentar.
Expansão na Década de 1980:
Os anos 1980 foram um ponto de virada para os efeitos especiais e maquiagem nos filmes de lobisomens. Filmes como “Um Lobisomem Americano em Londres” (1981) empregaram técnicas revolucionárias, como animatrônicos e próteses, para criar transformações mais realistas e assustadoras. O diretor John Landis trabalhou em parceria com Rick Baker, um renomado artista de maquiagem e efeitos especiais, para trazer à vida uma das transformações mais memoráveis da história do cinema.
Anos 2000 e Além – CGI e Avanços Tecnológicos:
Com o avanço da tecnologia CGI (Computer-Generated Imagery), a década de 2000 trouxe uma nova dimensão aos efeitos de transformação de lobisomens. Filmes como “The Wolfman” (2010) combinaram maquiagem prática com CGI para criar transformações mais fluidas e detalhadas. No entanto, o uso excessivo de CGI também gerou críticas de que a abordagem digital às vezes parecia menos autêntica e mais artificial.
Impacto no Público:
A evolução dos efeitos especiais e maquiagem teve um impacto profundo no público. À medida que a tecnologia avançava, o público passou a esperar transformações mais realistas e visuais mais impressionantes. Filmes como “Um Lobisomem Americano em Londres” deixaram o público admirado e chocado com a qualidade das transformações, enquanto a capacidade de criar lobisomens digitais trouxe uma dimensão nova e emocionante aos filmes mais recentes.
No entanto, vale ressaltar que, mesmo com todos esses avanços tecnológicos, muitos fãs do gênero ainda valorizam a autenticidade das técnicas práticas de maquiagem e efeitos especiais. A combinação de ambos, como visto em muitos filmes modernos, é frequentemente vista como a maneira ideal de equilibrar a conveniência do CGI com a tangibilidade dos efeitos práticos.
A evolução dos efeitos especiais e maquiagem nos filmes de lobisomens refletiu os avanços da indústria cinematográfica e teve um impacto significativo no nível de envolvimento e imersão do público nas histórias de transformação, tornando essas cenas não apenas marcantes, mas também uma parte essencial do apelo desses filmes.
Clichês e elementos que compõem um bom filme de lobisomem
Filmes de lobisomem geralmente incorporam diversos clichês e elementos característicos para criar uma atmosfera de suspense e terror. Não pode faltar:
Lua Cheia: A transformação do humano em lobisomem muitas vezes é desencadeada pela luz da lua cheia.
Transformação: A cena da transformação do personagem em lobisomem é icônica, geralmente mostrando ossos se quebrando, músculos se contorcendo e pelos crescendo.
Maldição ou Infecção: A condição de lobisomem é frequentemente retratada como uma maldição transmitida por mordida ou arranhão de outro lobisomem.
Instintos Animais: Os lobisomens são frequentemente retratados como seres com instintos animais intensos, perdendo o controle de sua humanidade durante a transformação.
Caçada Noturna: Cenas de caça noturna, onde o lobisomem persegue suas vítimas através de florestas escuras e isoladas.
Heroína ou Herói: Geralmente, há um personagem principal que se transforma em lobisomem e tenta lutar contra seus instintos bestiais.
Cidade Pequena: Muitas vezes, a história se passa em uma cidade pequena ou isolada, onde a chegada do lobisomem causa pânico entre os moradores.
Caçadores de Lobisomens: Alguns filmes apresentam personagens que se especializam em caçar lobisomens, buscando eliminá-los para proteger as pessoas.
Conflito Interno: O protagonista frequentemente luta contra seu próprio desejo de matar e ferir enquanto está transformado.
Relação com a Maldição: A busca pelo meio de quebrar a maldição ou encontrar uma cura para o estado de lobisomem é um elemento comum.
Tragédia e Drama: A dualidade entre a humanidade e a besta muitas vezes leva a situações trágicas e conflitos emocionais.
Efeitos Especiais: A transformação do humano para lobisomem é muitas vezes acompanhada por efeitos visuais impressionantes.
Cenas de Perseguição: Cenas de perseguição intensas, onde o lobisomem persegue suas vítimas em locais apertados ou abertos.
Suspense e Tensão: A atmosfera de suspense é crucial, criando expectativa em torno das aparições do lobisomem.
Confronto Final: O clímax muitas vezes envolve um confronto dramático entre o lobisomem e outros personagens-chave.
Lembre-se de que enquanto esses elementos são comuns em filmes de lobisomem, a forma como são abordados pode variar significativamente de um filme para outro. Alguns filmes podem subverter esses clichês ou adicionar elementos únicos para diferenciar-se e surpreender o público.
Bala de prata
A associação entre balas de prata e a lenda do lobisomem tem profundas raízes nas tradições folclóricas e mitológicas, mas a origem exata desse elemento não é definitivamente documentada e pode variar dependendo da cultura e da região. No entanto, existem algumas teorias e explicações que podem ajudar a compreender como essa conexão se formou.
Folclore Europeu: A imagem do lobisomem como uma criatura perigosa que se transforma durante a lua cheia é encontrada em várias culturas europeias. Algumas tradições folclóricas acreditavam que o lobisomem era invulnerável a muitas formas de ataque, exceto por uma bala de prata. A prata, por ser associada à lua, era vista como uma substância mágica capaz de ferir seres sobrenaturais.
Crenças Mágicas: A prata era frequentemente considerada um metal especial com propriedades mágicas em muitas culturas. Ela era usada em amuletos e talismãs para proteção contra forças negativas. A ideia de que a prata poderia afetar seres sobrenaturais como lobisomens poderia ter emergido das crenças em sua natureza protetora.
Influência Literária e Cinematográfica: À medida que a lenda do lobisomem era retratada em contos, literatura e filmes, a ideia da bala de prata se solidificou como um símbolo icônico da vulnerabilidade do lobisomem. O filme “The Wolf Man” (1941) contribuiu significativamente para essa associação, introduzindo a ideia de que uma bala de prata era o único meio de matar um lobisomem.
Simbolismo Mitológico: A prata, por sua ligação com a lua, também pode ter sido escolhida simbolicamente para representar a dualidade do lobisomem, que oscila entre formas humana e animal. Essa dualidade é frequentemente associada ao ciclo lunar e à transformação noturna do lobisomem.
Simplificação Narrativa: A ideia da bala de prata pode ter surgido como uma forma de fornecer um meio direto e visualmente impactante para derrotar o lobisomem nas narrativas. Em muitos casos, elementos mágicos como a bala de prata simplificam a trama e oferecem um método claro para os personagens lidarem com a ameaça sobrenatural.
Em resumo, a associação entre balas de prata e a lenda do lobisomem tem raízes profundas em várias culturas, tradições folclóricas e mitos. A imagem da prata como uma substância mágica, combinada com influências literárias e cinematográficas, contribuiu para a formação desse elemento icônico da narrativa do lobisomem.
Aqui estão 10 filmes matadores abrangendo a licantropia no cinema:
01 – The Wolf Man (1941) – Este clássico é uma referência obrigatória, estabelecendo muitos dos elementos icônicos do mito do lobisomem no cinema.
02 – Um Lobisomem Americano em Londres (1981) – Um filme que combina horror e humor negro de maneira magistral, com efeitos especiais revolucionários para a época.
03 – Grito de Horror (1981) – Um dos principais concorrentes de “An American Werewolf in London”, com uma abordagem mais sombria e atmosférica.
04 – A Companhia dos Lobos (1984): Baseado nos contos de fadas de Angela Carter, este filme é uma releitura sombria do conto da Chapeuzinho Vermelho. Explora a sexualidade, a maturidade e os medos internos através de metáforas de transformações em lobos.
05 – Cães de Caça (2002) – Um filme que coloca um grupo de soldados contra uma alcateia de lobisomens, oferecendo uma dose de ação e terror.
06 – Sinistro – A Maldição do Lobisomem (2013): Neste filme, um advogado defende um homem suspeito de ser um lobisomem após um ataque violento. O filme explora o conceito de licantropia psicológica como uma tentativa de explicar eventos inexplicáveis.
07 – A Possuída (2000) – Um filme que usa a licantropia como metáfora para explorar temas de adolescência, sexualidade e isolamento.
08 – O Pacto dos Lobos (2001) – Filme francês com uma excelente fotografia e reconstituição de época. Aqui temos vários conflitos, mas o eixo central gira em torno da história de um lobisomem que ataca moradores de um vilarejo.
09 – Romasanta – A Casa da Besta (2004) – Mais um ótimo exemplo de filme que aborda a licantropia psíquica. Temos uma reportagem aqui acerca do tema e se você quiser se aprofundar no tema é só clicar no link: https://www.cinestesico.com/licantropia-psiquica-nos-filmes/
10 – The Cursed (2021) – Aqui nesse filme o mito do lobisomem renasce por meio de uma maldição cigana. Produção bem caprichada, com bons efeitos que merece ser vista.
Lembrando que a lista acima é apenas uma seleção e muitos outros filmes de lobisomens notáveis podem ser encontrados ao longo da história do cinema. Além disso, a interpretação pessoal de cada filme pode variar, tornando as escolhas subjetivas.