Adaptações cinematográficas de Drácula de Bram Stoker

O personagem de Drácula tornou-se um ícone da cultura popular e inspirou inúmeras adaptações literárias, cinematográficas e televisivas ao longo dos anos.

Está chegando aos cinemas brasileiros mais uma adaptação do cultuado livro de Bram Stoker. Na verdade, a história desse novo filme abrange apenas uma pequena passagem do livro. ´Drácula – A Última Viagem do Deméter´ conta em detalhes o que se passa no navio cargueiro que transporta inúmeros caixões e após noites e noites de muito terror, termina abandonado e encalhado na costa da Inglaterra.


O livro é um fenômeno e até hoje desperta a curiosidade de quem realmente é fã do gênero terror e também do vampirismo. Não foi o suficiente para alavancar a carreira do longa nos cinemas e estranhamente o filme fracassou, já nos primeiros dias de lançamento.


Mas isso não é motivo para fugir da película, a produção tem seus momentos de tensão e clima assustador que não deixa a desejar. Por ser uma adaptação de apenas um capítulo do livro e justamente onde antecede a chegada de Vlad à Londres, a história não se parece em nada com os tradicionais filmes de vampiro. O roteiro se resume à uma criatura horrenda que vai dizimando aos poucos os tripulantes da embarcação. Falta o carisma da figura galanteadora com dentes caninos.

´Drácula - A Última Viagem do Deméter´ reproduz uma passagem do romance de Bram Stoker
´Drácula – A Última Viagem do Deméter´ reproduz uma passagem do romance de Bram Stoker

Para acompanhar o lançamento e tirar melhor proveito da história, vale a pena ler e ver (ou rever) outros filmes que também foram baseados no best-seller do cultuado romance.

A trajetória de Bram Stoker

Abraham “Bram” Stoker (1847-1912) foi um escritor irlandês conhecido principalmente por sua obra-prima “Drácula”. Nascido em Dublin, Stoker estudou na Universidade de Dublin e trabalhou como crítico teatral e gerente do famoso Lyceum Theatre em Londres, onde conheceu o famoso ator Henry Irving, que se tornou uma influência em sua vida.

Stoker era um homem multifacetado e tinha interesses em diversas áreas, como literatura, teatro e história. Além de “Drácula”, ele também escreveu vários outros romances, contos e peças de teatro, mas nenhum alcançou o mesmo nível de reconhecimento e influência.

Origem da Ideia para “Drácula”:
A ideia para “Drácula” foi influenciada por várias fontes e experiências de Bram Stoker:

Folclore e Lendas: Stoker cresceu ouvindo histórias de folclore irlandês, muitas das quais envolviam criaturas sobrenaturais como vampiros. Essas lendas populares contribuíram para a criação do universo do livro.

História e Mitologia: Stoker era um leitor ávido e estava interessado em história e mitologia. Ele se deparou com histórias de figuras históricas, como Vlad III, conhecido como Vlad, o Empalador, que governou a Valáquia no século XV. Vlad III era conhecido por sua crueldade e por empalar seus inimigos. Stoker incorporou elementos da lenda de Vlad III no personagem do Conde Drácula.

Viagens e Pesquisa: Stoker fez viagens de pesquisa à Europa, incluindo a Transilvânia, onde coletou informações sobre a paisagem, cultura e folclore da região. Essas experiências e observações influenciaram a criação do ambiente e da atmosfera no romance.

Influência Pessoal: Stoker enfrentou problemas de saúde ao longo de sua vida e, em certa época, foi obrigado a permanecer na cama por longos períodos. Durante esses períodos de convalescença, ele dedicava tempo à escrita. A ideia de um ser imortal que vive à noite e se alimenta de sangue pode ter sido influenciada pelas próprias lutas de Stoker com a doença e a mortalidade.

Todos esses elementos se uniram para criar o enredo e os temas complexos de “Drácula”. A obra foi publicada em 1897 e inicialmente recebeu críticas mistas, mas ao longo das décadas, cresceu em popularidade e influência, tornando-se uma das histórias de horror mais icônicas e duradouras da literatura mundial.

Enredo:
O livro é apresentado por meio de uma série de diários, cartas, artigos de jornal e registros pessoais de diferentes personagens, o que dá ao leitor uma visão completa da história.

A história começa com Jonathan Harker, um jovem advogado inglês, viajando até o castelo do Conde Drácula, na Transilvânia, para finalizar um negócio imobiliário. Ele logo percebe que o conde é na verdade um vampiro sedento de sangue e se torna um prisioneiro em seu castelo.

Enquanto isso, na Inglaterra, Mina Murray, noiva de Jonathan, está hospedando sua amiga Lucy Westenra. Lucy começa a mostrar sinais estranhos de enfraquecimento, e seu noivo e amigos tentam encontrar uma explicação médica para seu estado. No entanto, o Professor Abraham Van Helsing, um especialista em doenças raras, suspeita que uma força sobrenatural esteja por trás da condição de Lucy.

Eventualmente, descobre-se que o Conde Drácula viajou para a Inglaterra e está se alimentando do sangue de Lucy. Van Helsing e seus aliados se reúnem para lutar contra o vampiro e proteger Mina de suas garras. Eles montam uma busca para caçar Drácula e enfrentam inúmeras dificuldades enquanto tentam destruí-lo.

Explorando o legado sombrio

“Drácula” aborda diversos temas, incluindo:

Vampirismo e imortalidade: O livro explora a natureza do vampirismo, a busca pela imortalidade e as consequências de se obter a vida eterna através da maldição vampírica.

Dualidade: O dualismo entre o bem e o mal é um tema central. Drácula personifica o mal, enquanto os heróis da história lutam pela bondade e pela sobrevivência da humanidade.

Sexualidade reprimida: O livro toca em temas de sexualidade reprimida e desejo. O vampirismo é frequentemente associado a impulsos sexuais ocultos e tabus da época.

Medo do desconhecido: A narrativa explora o medo do desconhecido, o medo da morte e a ameaça que o “outro” representa para a sociedade.

Colonialismo e nacionalismo: O romance reflete questões de identidade nacional e colonialismo, com o personagem de Drácula representando uma ameaça estrangeira à Inglaterra vitoriana.

Legado:
“Drácula” popularizou muitos elementos do mito vampírico, incluindo o medo da luz solar, a aversão ao alho e a capacidade de se transformar em morcego. O personagem de Drácula tornou-se um ícone da cultura popular e inspirou inúmeras adaptações literárias, cinematográficas e televisivas ao longo dos anos.

Em suma, “Drácula” de Bram Stoker é uma obra clássica que continua a influenciar a literatura de horror e a cultura popular até os dias de hoje, explorando temas profundos e oferecendo uma visão fascinante do sobrenatural.

Aqui estão os filmes que foram mais fielmente baseados no livro “Drácula” de Bram Stoker:

Nosferatu, Eine Symphonie des Grauens (1922) – Embora não seja uma adaptação direta devido a problemas de direitos autorais, é fortemente influenciado pelo livro.


“Nosferatu”, dirigido por F.W. Murnau em 1922, é uma obra-prima do cinema mudo e uma das primeiras adaptações cinematográficas do romance “Drácula” de Bram Stoker. Apesar de não ter obtido a aprovação legal da família de Stoker, o filme se tornou um marco do cinema de horror e uma referência importante na história cinematográfica.

A história segue a jornada de Hutter, um agente imobiliário, que viaja até os Cárpatos para negociar a venda de uma propriedade com o enigmático Conde Orlok, interpretado por Max Schreck. No entanto, Hutter logo percebe que Orlok é na verdade o temido vampiro Nosferatu, cuja chegada à cidade vizinha desencadeia uma série de eventos trágicos.

O filme é notável por sua estética expressionista e atmosfera de pesadelo. Murnau faz uso magistral das sombras, ângulos de câmera incomuns e cenários distorcidos para criar uma sensação de inquietude e terror. A representação do Conde Orlok é especialmente impressionante, com a maquiagem e a caracterização de Schreck contribuindo para uma aparência aterrorizante e icônica.

O clima de “Nosferatu” é amplificado pela trilha sonora, que adiciona tensão e emoção às cenas. A ausência de diálogo falado é compensada pela expressividade dos atores e pela linguagem visual intensa, que transmite emoções e motivações de maneira eficaz.

A cidade de Wisborg, com suas ruas sinuosas e edifícios góticos, estabelece um ambiente sombrio e opressivo. O contraste entre os momentos de tranquilidade e a ameaça iminente de Nosferatu cria uma sensação constante de suspense, que se intensifica conforme o enredo se desenrola.

Apesar das limitações técnicas da época, “Nosferatu” tem o poder de envolver e perturbar os espectadores até hoje. A abordagem estilizada e a interpretação assombrosa de Max Schreck como o vampiro contribuem para uma experiência cinematográfica atemporal e memorável.

Em resumo, “Nosferatu” de F.W. Murnau é um marco do cinema de horror e uma adaptação inovadora do mito do vampiro. Sua estética expressionista, atmosfera opressiva e interpretação impressionante fazem dele uma referência obrigatória para qualquer amante do cinema clássico e do gênero de terror.

Dracula (1931) – Estrelado por Bela Lugosi, um dos primeiros filmes de Hollywood baseados no livro

O filme “Dracula” de 1931, dirigido por Tod Browning e estrelado por Bela Lugosi no papel titular, é uma das adaptações cinematográficas mais icônicas do clássico romance de Bram Stoker. Este filme, que marcou a entrada do vampiro Conde Drácula na tela grande, estabeleceu muitos dos elementos e características que se tornaram sinônimos do gênero de vampiros no cinema.

A história segue a chegada do enigmático Conde Drácula a Londres, onde ele rapidamente começa a espalhar sua influência sinistra e buscar novas vítimas. Bela Lugosi traz uma presença marcante ao papel, definindo a interpretação arquetípica do Conde como um aristocrata sinistro, elegante e de voz hipnoticamente profunda.

A atmosfera gótica e a estética sombria são pontos fortes do filme. A representação do castelo de Drácula na Transilvânia e os cenários em Londres contribuem para criar uma sensação de mistério e tensão. Os figurinos também capturam a essência da era vitoriana, adicionando autenticidade à ambientação.

Uma das cenas mais memoráveis do filme é a conversa entre Drácula e Renfield, interpretado por Dwight Frye, enquanto estão a bordo de um navio. A interpretação perturbada de Frye e a presença magnética de Lugosi criam um clima inquietante, reforçando o domínio que Drácula exerce sobre suas vítimas.

No entanto, é importante notar que, embora tenha se tornado um clássico, o filme “Dracula” de 1931 não segue rigorosamente o enredo do romance original de Bram Stoker. Muitos detalhes foram simplificados ou alterados para se adequar ao formato cinematográfico e às limitações da época.

A trilha sonora, embora minimalista em comparação com as produções modernas, ainda contribui para a atmosfera sinistra do filme. As escolhas de iluminação e sombras também criam uma sensação de mistério e suspense, tornando o filme eficaz na geração de sustos sutis.

Em conclusão, o “Dracula” de 1931 é um marco do cinema de horror e uma introdução definitiva do vampiro Conde Drácula à cultura popular. A interpretação memorável de Bela Lugosi, a atmosfera gótica e os elementos icônicos estabelecidos por este filme influenciaram profundamente as representações subsequentes de vampiros no cinema.

Dracula (1979) – Dirigido por John Badham, é uma adaptação relativamente fiel do romance

O ator Frank Langella em uma adpatação de Bram Stoker lançada em 1979:  "Dracula"
O ator Frank Langella em uma adpatação de Bram Stoker lançada em 1979: “Dracula”

O filme “Dracula”, é uma adaptação cinematográfica do clássico romance de Bram Stoker que busca reviver a história do vampiro mais famoso da literatura com um toque moderno. Embora não seja tão reverenciado quanto algumas outras versões cinematográficas, o filme oferece uma abordagem interessante e um elenco talentoso.

A trama segue a linha básica do romance original, com o aristocrata Transilvano, Conde Drácula, interpretado por Frank Langella, chegando a Londres para espalhar sua influência sinistra. A história é centrada em torno da atração entre Drácula e Lucy, interpretada por Kate Nelligan (um detalhe que neste filme, inverteram os nomes das personagens femininas) uma descendente de sua amada Elisabeta. A presença do Conde desencadeia uma série de eventos sombrios que ameaçam a vida da jovem e de seus entes queridos.

Uma das características mais marcantes deste filme é a abordagem elegante e sensual adotada por John Badham. Langella traz uma presença magnética ao papel do Conde, transmitindo um equilíbrio intrigante entre o charme sedutor e a ameaça sombria que acompanha o mito de Drácula. A relação entre Drácula e Lucy (ou seria Mina) é explorada com uma intensidade romântica, adicionando uma camada de drama emocional à narrativa.

O filme também oferece uma estética visual atraente, repleta de cenários suntuosos e figurinos de época. A Londres vitoriana é retratada com uma mistura de realismo e atmosfera gótica, criando uma sensação de imersão na época.

No entanto, algumas críticas podem ser apontadas para a adaptação. O ritmo em certos momentos pode parecer lento, e algumas das decisões de enredo podem ser consideradas simplificadas em comparação com a complexidade do romance original. Além disso, o filme pode ser mais lembrado por suas cenas românticas e sensuais do que pela ênfase no horror e no terror.

Em resumo, o “Dracula” de John Badham é uma adaptação que busca trazer uma visão mais romântica e moderna do personagem icônico de Bram Stoker. Com um Frank Langella convincente como Drácula, o filme oferece uma experiência envolvente e esteticamente agradável, apesar de suas simplificações narrativas. Embora não seja a adaptação definitiva do livro, vale a pena assistir para quem busca uma nova interpretação do mito de Drácula.

Bram Stoker’s Dracula (1992) – Dirigido por Francis Ford Coppola, é uma adaptação mais fiel e com um elenco renomado

Gary Oldman como Drácula: Coppola conseguiu ser fiel ao romance de Bram Stoker
Gary Oldman como Drácula: Coppola conseguiu ser fiel ao romance de Bram Stoker

“Dracula de Bram Stoker” (1992), dirigido por Francis Ford Coppola, é uma adaptação cinematográfica que busca capturar a essência e os elementos do romance clássico de horror escrito por Bram Stoker. Com um elenco estelar e uma abordagem visual única, o filme oferece uma interpretação envolvente da história do vampiro mais icônico da literatura.

O filme começa com a história de Vlad, o Empalador, interpretado por Gary Oldman, um nobre guerreiro que, após sofrer uma grande tragédia pessoal, transforma-se no lendário vampiro Conde Drácula. Vlad busca superar a morte de sua amada Elisabeta, mas sua busca por imortalidade o leva a uma maldição que o mantém condenado a uma existência sombria e a uma sede insaciável por sangue humano.

Séculos depois, o jovem advogado Jonathan Harker, interpretado por Keanu Reeves, é enviado para o castelo do Conde Drácula, agora situado na Transilvânia, para finalizar um negócio imobiliário na Inglaterra. O encontro com o enigmático Drácula desencadeia uma série de eventos que levarão a Londres e afetarão a vida de Mina Murray, noiva de Harker, interpretada por Winona Ryder, e de seus amigos.

A abordagem de Coppola ao filme é notável por sua ênfase na paixão e no romantismo, elementos muitas vezes subestimados em outras adaptações. Drácula é apresentado não apenas como um monstro sanguinário, mas também como um ser torturado pelo amor perdido e desesperado por reencontrar sua alma gêmea em Mina. O filme explora a natureza trágica de sua imortalidade e a luta entre a escuridão e a humanidade que reside dentro dele.

O visual do filme é marcado por uma estética visual impressionante, com cenários góticos suntuosos e figurinos detalhados que transportam os espectadores para o final do século XIX. Os efeitos especiais práticos e a cinematografia de Michael Ballhaus contribuem para a criação de uma atmosfera densa e envolvente.

“Dracula de Bram Stoker” de Francis Ford Coppola é uma adaptação que se destaca por sua abordagem romântica e visualmente rica da história de Drácula. Ao equilibrar o terror sobrenatural com as emoções humanas, o filme oferece uma nova perspectiva sobre o eterno conto de amor, perda e a luta entre a escuridão e a luz dentro de todos nós.

Esses são os principais filmes que se esforçaram para ser mais fiéis ao romance original de Bram Stoker. Lembrando que, embora tenham elementos do livro, as adaptações cinematográficas frequentemente tomam algumas liberdades criativas para encaixar a história no formato do filme.

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Diego Almeida
Diego Almeida

Formado em Publicidade e pós graduado em Artes visuais. Admirador da cultura pop no geral, com objetivo em viajar por toda Europa em 1 mês apenas.

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