Mulher-Gato: a série que influenciou as heroínas de Gotham

Se você foi um telespectador fiel das noites do SBT nos anos 2000, talvez se lembre de uma série que trazia Gotham City sob uma nova perspectiva: Birds of Prey. Rebatizada como MulherGato no Brasil, a produção conquistou um espaço especial na memória de muitos. Exibida originalmente em 2002 pela emissora norte-americana The WB, a série buscava explorar um lado pouco conhecido do universo do Batman, com um enfoque totalmente diferente: a história das heroínas que decidiram proteger Gotham na ausência do Cavaleiro das Trevas. Aqui, revisitamos essa produção que marcou época, detalhando sua trama, elenco, curiosidades e os motivos de seu precoce cancelamento.

Um novo olhar sobre Gotham City

Birds of Prey se passa em uma Gotham City futurista, marcada pela ausência de seu maior protetor, Batman. Depois de um confronto traumático com o Coringa, Bruce Wayne abandona a cidade, deixando-a nas mãos de novos vigilantes. A narrativa foca em Helena Kyle, também conhecida como Caçadora, filha de Bruce Wayne e Selina Kyle (a Mulher-Gato). Sendo assim, Helena herda a coragem e a destreza de seus pais e assume a missão de proteger Gotham ao lado de Barbara Gordon, agora atuando como Oráculo, e da jovem Dinah Lance, inspirada na Canário Negro dos quadrinhos.

Com essa proposta, a série ofereceu um olhar inédito sobre o universo de Batman, explorando as relações interpessoais das protagonistas e a dinâmica de um time formado predominantemente por mulheres. Sendo assim, diferente do tom sombrio que permeia as adaptações de Batman, Birds of Prey apostou em uma mistura de drama e aventura, buscando equilibrar a narrativa com momentos de vulnerabilidade e ação.

Oráculo, Canário Negro e Caçadora: o trio de protagonistas de Mulher-Gato. (Foto: Divulgação)
Oráculo, Canário Negro e Caçadora: o trio de protagonistas de Mulher-Gato. (Foto: Divulgação)

História e roteiro

A trama principal gira em torno da parceria entre Helena Kyle (Ashley Scott), Barbara Gordon (Dina Meyer) e Dinah Lance (Rachel Skarsten). Helena, a Caçadora, luta para equilibrar sua identidade de vigilante com os desafios pessoais de ser filha de duas figuras icônicas. Barbara Gordon, por sua vez, abandona o manto de Batgirl após ser baleada pelo Coringa e se torna Oráculo, uma hacker brilhante que coordena as operações do grupo. Contudo, Dinah Lance, a mais jovem do trio, descobre e desenvolve seus poderes psíquicos ao longo da série.

A antagonista principal é a Dra. Harleen Quinzel, interpretada por Mia Sara. Mais conhecida como Arlequina, ela planeja dominar Gotham City enquanto manipula os eventos por trás das cortinas. Nesse sentido, a série também apresenta Alfred Pennyworth (Ian Abercrombie), que serve como mentor e figura paterna para as protagonistas.

Apesar da premissa interessante, o roteiro enfrentou críticas por sua abordagem inconsistente. Enquanto algumas histórias tinham grande potencial, outras pareciam mal desenvolvidas, prejudicando a construção de uma narrativa mais coesa.

Direção e elenco de Mulher-Gato

A direção de Birds of Prey ficou a cargo de Laeta Kalogridis, conhecida por seu trabalho em roteiros como Shutter Island e Alita: Battle Angel. A série trouxe um elenco talentoso, com destaque para as protagonistas femininas:

  • Ashley Scott como Helena Kyle / Caçadora: Scott trouxe intensidade e carisma à personagem, mesmo em cenas onde o roteiro não estava à altura.
  • Dina Meyer como Barbara Gordon / Oráculo: Meyer foi amplamente elogiada por sua atuação, capturando a inteligência e a força de Barbara.
  • Rachel Skarsten como Dinah Lance: Jovem e promissora, Skarsten entregou um desempenho que conquistou o público.
  • Mia Sara como Harleen Quinzel / Arlequina: Sara deu um toque de sofisticação e loucura à vilã, embora sua versão de Arlequina tenha dividido opiniões.
Na série Mulher-Gato, a atriz Mia Sara deu vida a Dra. Harleen Quinzel ou simplesmente, Arlequina. (Foto: Divulgação)
Na série Mulher-Gato, a atriz Mia Sara deu vida a Dra. Harleen Quinzel ou simplesmente, Arlequina. (Foto: Divulgação)

Curiosidades dos bastidores de Mulher-Gato

  1. Troca de Atriz: Mia Sara não foi a escolha original para interpretar Arlequina. O papel inicialmente foi dado a Sherilyn Fenn, que precisou sair por conflitos de agenda.
  2. Referências aos Quadrinhos: A série faz várias alusões ao universo DC, incluindo flashbacks do Batman e da Mulher-Gato, além de mencões a vilões clássicos como Hera Venenosa.
  3. Ambientação: Grande parte das cenas foi filmada em sets fechados, criando uma estética visual que, embora interessante, não conseguiu capturar plenamente a grandiosidade de Gotham City.
  4. Episódio Piloto: O piloto foi reformulado após críticas negativas em exibições-teste. Algumas cenas foram regravadas e o tom ajustado antes do lançamento oficial.

Por que a série foi cancelada?

Apesar de sua proposta inovadora, Birds of Prey enfrentou sérios desafios que levaram ao seu cancelamento após apenas 13 episódios. Entre os motivos principais estavam:

  • Audiência Insuficiente: A série não conseguiu competir com outras produções populares da época, resultando em números de audiência abaixo do esperado.
  • Roteiro Inconsistente: Embora a ideia fosse promissora, a execução deixou a desejar, alienando parte do público.
  • Orçamento Limitado: Com recursos limitados, a produção não conseguiu criar cenas de ação impactantes ou uma ambientação convincente.
  • Concorrência: Na mesma época, séries como Smallville dominavam o gênero de adaptações de quadrinhos, dificultando a sobrevivência de Birds of Prey.
Barbara Gordon, a Batgirl, é uma hacker muito habilidosa em Mulher Gato. (Foto: Divulgação)
Barbara Gordon, a Batgirl, é uma hacker muito habilidosa em Mulher Gato. (Foto: Divulgação)

Legado de Mulher-Gato

Embora tenha tido uma curta duração, Birds of Prey deixou um impacto duradouro. A série serviu como precursor de produções futuras centradas em heroínas, como Supergirl e Batwoman. Além disso, consolidou a ideia de que as histórias de Gotham não precisam orbitar exclusivamente em torno do Batman.

As influências de Birds of Prey podem ser percebidas tanto em adaptações televisivas quanto cinematográficas que vieram depois. A abordagem de dar destaque a personagens femininas e suas complexidades abriu caminho para projetos como Mulher-Maravilha e o próprio filme Aves de Rapina: Arlequina e Sua Emancipação Fantabulosa. Portanto, ainda que a série não tenha explorado diretamente algumas das heroínas mais populares da DC, ela ajudou a consolidar o espaço para histórias lideradas por mulheres no universo dos quadrinhos.

Além disso, a ideia de explorar os efeitos da ausência de um ícone como o Batman influenciou outras produções que buscaram expandir o universo de Gotham sem depender diretamente do Cavaleiro das Trevas. Nesse sentido, o conceito de equipes de vigilantes multifacetadas, com suas próprias motivações e conflitos, se tornou um tema recorrente em diversas obras, inspirando até mesmo séries como Titãs e Gotham. Apesar de seus desafios, Birds of Prey demonstrou que havia público para narrativas mais ousadas e experimentais dentro do universo dos super-heróis.

Em 2020, o filme Aves de Rapina: Arlequina e Sua Emancipação Fantabulosa trouxe um novo olhar para o grupo, embora com uma formação completamente diferente. Ainda assim, a série de 2002 continua sendo um marco para os fãs que acompanharam sua curta jornada.

Referência nostálgica para os fãs do universo de Batman

Birds of Prey é um exemplo de como ideias inovadoras podem encontrar desafios na execução. Apesar de suas falhas, a série marcou época e continua sendo uma referência nostálgica para os fãs de quadrinhos e adaptações televisivas. Hoje, revisitar essa produção é um convite para celebrar sua ambição e lembrar do legado que deixou para as heroínas de Gotham City. E você, se lembra de Mulher-Gato no SBT?

Relembre a série Mulher Gato conferindo o promo de lançamento

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