Se estivesse viva, Sharon Tate estaria celebrando hoje seus 80 anos. Para homenagear sua memória e relembrar uma das histórias mais trágicas do entretenimento, revisitamos sua vida, carreira e o crime brutal que abalou Hollywood e deixou marcas profundas na indústria do cinema.

A trajetória de Sharon Tate

Desde cedo, era evidente que a beleza e o carisma da texana poderiam levá-la longe. Filha de um oficial do Exército, Sharon teve uma infância nômade, mudando-se frequentemente por conta do trabalho do pai. Apesar disso, sua natureza adaptável e charmosa sempre a destacaram.

No início dos anos 1960, Sharon começou a se aventurar no mundo do entretenimento, participando de comerciais e pequenos papéis na televisão. Nesse sentido, sua carreira deu um grande salto com o filme Olhos de Gato (1965), que a colocou no radar de Hollywood como uma jovem atriz promissora. Contudo, foi em O Vale das Bonecas (1967) que Sharon alcançou notoriedade, interpretando Jennifer North, uma personagem trágica que ressoava ironicamente com o destino que a aguardava.

Apesar de ter sido criticado pela imprensa especializada, O Vale das Bonecas tornou-se um sucesso comercial e consolidou Sharon como uma estrela em ascensão. Sendo assim, sua capacidade de transmitir vulnerabilidade e graça na tela chamou a atenção de diretores e produtores, garantindo-lhe novos projetos e admiradores.

Sharon Tate estava grávida de Roman Polanski quando foi assassinada em 1969. (Foto: Bill Ray/The LIFE Picture Collection)

O relacionamento com Roman Polanski

Durante as filmagens de A Dança dos Vampiros (1967), Sharon conheceu o diretor Roman Polanski. A química entre eles foi instantânea, e o casal rapidamente se tornou uma das duplas mais comentadas de Hollywood. Em 1968, os dois se casaram, e Sharon parecia estar no auge da felicidade pessoal e profissional.

Polanski era conhecido por seu estilo de direção visionário e controverso, e Sharon frequentemente servia como sua musa. Sendo assim, eles representavam o glamour e a criatividade do cinema dos anos 1960, mas essa imagem perfeita foi brutalmente destruída em uma noite fatídica de agosto de 1969.

Sharon também era uma mulher moderna para sua época. Em entrevistas, ela demonstrava ter opinião, ser inteligente e bem humorada. Portanto, mesmo vivendo em um mundo glamouroso, Sharon mostrava uma vontade autêntica de ser reconhecida por seu talento como atriz, algo que transcendia sua beleza física.

O assassinato brutal de Sharon Tate

Na noite de 8 de agosto de 1969, Sharon Tate, que estava com oito meses de gravidez, recebeu amigos em sua casa na Cielo Drive, em Los Angeles. Entre os presentes estavam Jay Sebring, cabeleireiro de celebridades; Abigail Folger, herdeira da família Folger; e Wojciech Frykowski, um amigo de Polanski. Roman Polanski, por sua vez, estava na Europa a trabalho.

Por volta da meia-noite, membros da “Família Manson”, liderados por Charles Manson, invadiram a residência. Susan Atkins, Tex Watson e Patricia Krenwinkel, agindo sob as ordens de Manson, cometeram uma série de atos brutais. Sharon e seus amigos foram cruelmente assassinados, com a atriz suplicando pela vida de seu bebê antes de ser esfaqueada repetidamente.

A brutalidade do crime chocou o mundo. Frases escritas com o sangue das vítimas nas paredes da casa evidenciaram o caráter sádico dos assassinos. Os detalhes dos eventos foram amplamente divulgados pela mídia, intensificando o horror e a indignação pública.

Quem foi Charles Manson?

Charles Manson era um criminoso e aspirante a músico que formou uma “família” de seguidores nos anos 1960. Nesse sentido, pregando uma mistura de ideologias distorcidas e apocalípticas, ele manipulava seus seguidores para cumprir suas ordens, muitas vezes violentas.

Manson acreditava que uma guerra racial iminente, que ele chamava de “Helter Skelter”, poderia ser provocada através de assassinatos brutais que ele atribuía a minorias. Sendo assim, o massacre na Cielo Drive foi parte desse plano insano. Embora não tenha participado fisicamente dos assassinatos, Manson foi considerado culpado por planejar e incitar os crimes.

Além disso, Manson e seus seguidores acreditavam que estavam enviando uma mensagem de revolta contra a elite e o establishment de Hollywood. Portanto, Sharon Tate, como uma estrela em ascensão e esposa de um diretor renomado, tornou-se o alvo perfeito para essa mensagem distorcida.

Sharon Tate grávida, poucas semanas antes de ser assassinada. (Foto: Getty Images)
Sharon Tate grávida, poucas semanas antes de ser assassinada. (Foto: Getty Images)

Impacto do assassinato de Sharon Tate na indústria do cinema

O assassinato de Sharon Tate foi um divisor de águas para Hollywood. A violência sem precedentes chocou não apenas a indústria cinematográfica, mas o mundo inteiro. Nesse sentido, a ideia de que estrelas de cinema, antes vistas como inalcançáveis e protegidas, poderiam ser vítimas de tamanha brutalidade abalou a percepção do glamour hollywoodiano.

Produções cinematográficas também sentiram o impacto. Sendo assim, o crime inaugurou uma era mais sombria no cinema, com filmes explorando temas de violência, desespero e paranoia, refletindo o medo generalizado da sociedade. Alguns analistas também argumentam que o evento contribuiu para o fim do chamado “sonho hippie” dos anos 1960.

Retratos do crime no cinema

O brutal assassinato de Sharon Tate e seus amigos foi explorado em vários filmes e documentários. Um dos mais conhecidos é Helter Skelter (1976), baseado no livro de Vincent Bugliosi, o promotor que processou Manson. Nesse sentido, o filme oferece uma narrativa detalhada dos crimes e do julgamento.

Mais recentemente, Era Uma Vez em… Hollywood (2019), dirigido por Quentin Tarantino, trouxe uma perspectiva alternativa. Embora não seja um retrato fiel dos eventos, o filme presta homenagem a Sharon Tate, interpretada por Margot Robbie, ao imaginá-la sobrevivendo e vivendo uma vida feliz. Portanto, a escolha de Tarantino gerou polêmica, mas também serviu para celebrar a atriz e sua energia vibrante.

Filmes e séries como Charlie Says (2018) também exploraram a dinâmica interna da “Família Manson”, oferecendo um olhar sobre o fanatismo que levou aos crimes. Portanto, esses projetos continuam a fascinar e aterrorizar o público, servindo como um lembrete do poder destrutivo da manipulação psicológica.

Sharon Tate queria provar que por trás da beleza, existia talento e uma mulher inteligente. (Foto: Getty Images)
Sharon Tate queria provar que por trás da beleza, existia talento e uma mulher inteligente. (Foto: Getty Images)

Legado e reflexão

Sharon Tate continua sendo lembrada não apenas como uma vítima de um dos crimes mais infames da história, mas como uma talentosa atriz e um símbolo da era de ouro de Hollywood. Sua tragédia serve como um lembrete sombrio do impacto da violência e das consequências de ideologias perigosas.

Ao revisitar sua história, celebramos a vida de Sharon Tate e refletimos sobre como seu legado ainda ressoa, mesmo décadas após sua morte. Sua imagem permanece como um ícone de beleza, talento e da fragilidade da vida. Sendo assim, sua trajetória inspira debates sobre segurança, fama e os riscos que acompanham a exposição pública em uma sociedade muitas vezes obsessiva por celebridades.

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Dani Gonçalves

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